Entrevista ao Sr. Presidente da Câmara de Barcelos
Olá,
eu sou o João Albuquerque da turma 4ºD, da EB de Vila Boa e fiz esta entrevista
no âmbito de um trabalho escolar.
A profª. da turma é a professora Cláudia Meirinhos.
1- Como
foi o seu percurso pessoal até chegar a Presidente da Câmara Municipal de
Barcelos?
R: Comecei
por ser professor do Ensino Básico, de Educação Física. Depois licenciei-me
também, já a trabalhar, em Direito. Também exerci a advocacia. Tive algumas incursões
na política, começando como Vereador em 1997 até 2005. Depois interrompi e, em
2017, voltei à política, como candidato à Câmara e perdi. E depois, em 2021,
ganhei. Portanto, é um percurso profissional e político que ao longo destes 35
anos me fez perceber e gostar da nossa terra e sentir que posso melhorar a
qualidade de vida dos Barcelenses.
2- Da
sua anterior experiência como Vereador da Câmara de Barcelos, que aspetos e
conhecimentos nos pode destacar?
R: Desde logo, tendo uma ideia melhor de como está organizado o concelho, das suas diferenças, das suas assimetrias. Existem dois ritmos muito evidentes no desenvolvimento do nosso concelho: há um espaço mais rural e um espaço mais urbano, com muitas desigualdades. Quer em termos de equipamentos e quer em termos de equipamentos básicos, como seja a água e saneamento. Há muitas freguesias do nosso concelho que não têm saneamento nem água da torneira. A água que eles têm vem de um poço, não da canalização, sem o tratamento adequado para consumir. Mas, em termos de saneamento é mais grave, há muitas zonas do concelho que não o têm e, no século XXI, todas as casas já deviam ter o saneamento. Por isso eu, como vereador da cultura, tive a oportunidade de conhecer isso e também tive oportunidade de reforçar o conhecimento que tinha da nossa terra, da nossa cultura, da nossa história e reforcei ainda mais aquela ideia que nós só gostamos do que conhecemos bem.
3- É
difícil assegurar o seu trabalho sabendo que não lhe pode escapar nada, que tem
de lidar com muitos assuntos?
R: É verdade, a parte mais difícil é nós termos de saber de muitas áreas de intervenção e não temos a capacidade de responder prontamente a todas elas. E algumas coisas passam-nos ao lado e falham, é efetivamente o maior desafio que temos enquanto autarcas, sem dúvida.
4- Quais
são os principais projetos que o preocupam mais para um melhor futuro do nosso
concelho?
5- Na
área da educação que planos tem para os próximos anos?
R: A primeira e até pegando na vossa escola, é recuperar o edifício escolar, criar condições, porque ninguém consegue ter uma boa aprendizagem se não tiver as melhores condições físicas para essa aprendizagem. Portanto, o melhoramento das infraestruturas escolares é fundamental. Depois, o equipamento. Temos que adaptar a sala de aula ao século XXI. E agora, as salas de aula ainda estão quase no mesmo tempo de quando eu andava na escola e isso não faz sentido. Hoje em dia, uma escola tem que se modernizar também. O meu sonho, é que haja cada vez mais, na Educação, sobretudo aqui em Barcelos, três áreas fundamentais: a área da formação cívica e da cidadania, a área da história local e a área do ambiente e da sustentabilidade.
6- Qual
o papel mais importante que atribui ao trabalho que a Câmara Municipal faz pelo
concelho?
R: Conseguir concretizar esses objetivos que agora disse. As Câmaras Municipais são serviços para atendimento e resolução de problemas dos cidadãos. Também, em termos de fiscalização e de regulação. Porquê? Porque não se pode fazer tudo o que se quer, tem que haver regras para proteger os outros. Nós temos a nossa liberdade de criar, fazer e de construir, mas também dentro de algumas regras, para que os outros não sejam prejudicados. E, portanto, a nossa principal função é servir bem e com qualidade os munícipes, dando-lhes boa informação.
7- Que
conselho daria a algum jovem, que queira entrar no mundo da política?
R: Eu aconselho todos os jovens a entrar no mundo da política. Para isso devem conhecer bem a sua terra, estudar bem, ouvir e ler muito, porque ao ler veem também diferentes opiniões e, de seguida, podem formar a sua. Nós devemos ouvir toda a gente e depois decidir por nós. E, nesse sentido, é importante termos muita informação. Vocês hoje têm um privilégio que eu não tive, que é uma facilidade de recolher informação muito grande. Mas também é um problema, porque depois é preciso selecionar essa informação. Nem tudo o que nós vemos e lemos ou ouvimos corresponde à verdade. Portanto, nós temos que cruzar fontes para encontrarmos a verdade e depois disso tudo formarmos a nossa opinião.
8- Que
mensagem final gostaria de deixar aos alunos da Escola Básica de Vila Boa?
R:
Gostava que todos os anos contribuíssem com ideias e sugestões para melhorar
Barcelos. Desde pequenos nós temos a
noção do que é bem e do que está certo, ou do que está errado. Podes também
fazer esse desafio na tua escola. Um dia reunirem-se, tu e os teus amigos e
dizer:
-
O que sonham para Barcelos? O que gostavam que Barcelos tivesse e não tem?
-
O que está mal em Barcelos e devia ser melhorado?
E
a terceira, mais concentrado com a vossa escola:
-
O que vocês gostariam de ver de imediato?
Depois, transmitam-nos que nós teríamos muito gosto em receber as vossas ideias!
Esta
é a entrevista que o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Barcelos me concedeu
e que eu agradeço pela sua amabilidade e respostas. Obrigado.
Entrevista à D. Rosa Maria
A Arte e a Cultura de um povo é realmente algo importantíssimo, pois é um veículo de conhecimento, de caracterização de uma sociedade e de vivências. Por ser algo tão importante, hoje vimos entrevistar a Srª. Rosa Maria, pois é alguém que possuí um conhecimento bastante alargado nesta área. Ela trabalhou durante vários anos na Galeria Municipal de Arte de Barcelos.
Bom dia D. Rosa Maria. Antes de mais gostaríamos de agradecer a disponibilidade em nos receber e querer partilhar connosco o seu conhecimento. E começo por lhe perguntar:
1- Em que instituição de Barcelos trabalhou?
Eu tive a honra, o prazer e a sorte de trabalhar em algo que me realizou e me bafejou de inúmeras alegrias e conhecimento que foi na Galeria Municipal de Arte de Barcelos.
2- Que tipo de exposições existiram, durante o seu
percurso profissional, na Galeria Municipal de Artes de Barcelos?
As exposições que decorreram durante o meu percurso profissional na Galeria foram: pintura, escultura, cerâmica, fotografia e instalação.
3- Relativamente à pintura, será que nos poderia
mencionar alguns nomes de artistas que passaram pela Galeria Municipal de Artes
de Barcelos?
Irei começar por mencionar os artistas de Barcelos que
nos premiaram com as suas passagens pela Galeria Municipal de Artes, que foram:
Afmach, Toninho Cunha, Sandra Longras, Madalena Macedo e Fátima Miranda.
Em relação aos artistas que nos bafejaram com o seu talento, externos a Barcelos, foram: Rafael Lúbeda, Júlio Pomar, Mário Rocha, Gracinda Candeas, Mário Vitória, Helena de Medeiros, Belkiss, José Emídio, Jean-Mari Boomputte, Roberto Chichorro, Tiago Feijoo, Armanda Passos, Alfredo Barros,
4- Qual foi o pintor mais famoso que passou pela
Galeria Municipal de Artes de Barcelos?
Todos os artistas, para mim, são “peças únicas” na nossa sociedade, com um valor incalculável. Contudo os artistas com mais renome atualmente na nossa sociedade, não desvalorizando o valor de todos os outros, são: o João Cutileiro e o Júlio Pomar. Pois foram aqueles que tiveram mais visitas e destaque.
5- Qual foi o pintor que mais gostou?
Todos, porque cada um tem o seu cunho pessoal, a sua marca que ficará registada para sempre e como eu sou uma amante da diversidade, gostei de todos sem exceção. Tudo o que é arte me fascina, por isso admiro cada um deles na sua individualidade.
6- Em relação à escultura, poderia mencionar alguns
dos nomes de artistas que passaram pela Galeria Municipal de Artes de Barcelos?
Antes de mais, tenho de salientar que a escultura se
divide em mármore, madeira, pedra, e das mais variadíssimas formas.
Alguns dos nomes que passaram na nossa Galeria, espalhando toda a sua “magia” foram: João Cutileiro, Paulo Neves, António Saint Silvestre, Miguel Oliveira, António São Silvestre, Clara de Sousa entre muitos outros.
7- Qual foi o artista, na área da escultura, que mais
gostou?
É uma pergunta, como já mencionei anteriormente, não consigo responder ou melhor nomear, porque cada artista tem características únicas que os define e distingue de qualquer outro artista, e todos com bastante valor, por isso não consigo definir ou nomear um nome.
8- Na área da fotografia, quais foram os fotógrafos de
renome que passaram na Galeria Municipal de Artes de Barcelos?
Os artistas que nos enalteceram com o seu talento, a nível de fotografia, foram: João Sousa, Luís Carvalhido e Gaspar de Jesus.
9- No que toca à exposição de instalação, poder-nos-ia
explicar em que consiste?
Instalação na arte é um termo geralmente usado para descrever obras tridimensionais inseridas em espaços específicos, uma montagem de vários elementos. As exposições de instalação que tivemos na galeria foram em desenho, bordado e ligados por fio. Um nome que poderei mencionar nesta área da instalação, que passou pela Galeria, foi Hélia Aluai.
10- De todas as exposições que passaram pela Galeria
Municipal de Artes de Barcelos, na sua opinião qual foi a exposição que teve
mais impacto na sociedade?
Sendo eu uma pessoa ligada à Cultura e às Artes,
causa-me sempre grande dificuldade distinguir qualquer artista em especial,
contudo há artistas que têm a sorte e o mérito de serem conhecidos a nível
mundial. Sem dúvida que a exposição de João Cutileiro foi a que teve mais
visitantes e que mexeu bastante com a sociedade, criando um certo frenesim ao
redor da sua exposição. Foi uma exposição visitada por todo o género de
individualidades da nossa sociedade, com pessoas de todo o país e do mundo. Mas
a Galeria tinha sempre a sorte que isso acontecesse também nas outras
exposições, contudo o número de visitantes foi mais avultado.
Para terminar, gostaria de agradecer a todos os artistas, sem exceção, por nos enriquecerem a nível cultural, social e humano.
Entrevista ao Sr. Elias
A guerra colonial foi um marco muito importante na
nossa sociedade e por isso, hoje viemos entrevistar o sr. Elias que esteve no
meio da guerra.
Bom dia Sr. Elias, realmente devem ter sido vários os momentos difíceis por quais passou e para poder transmitir e partilhar connosco as suas vivências, pergunto-lhe:
1- Em que país é que combateu?
Na Guiné-Bissau.
2- Foi obrigado a ir combater ou foi voluntário?
Naquela altura, antes do 25 de abril, eram todos obrigados a ir combater e eu não fui exceção.
3- Que idade tinha quando foi combater para a tropa?
Eu fui combater aos 21 anos de idade.
4- Quantos anos tinha quando foi para a guerra e com
quantos regressou?
Passado pouco tempo de chegar à tropa, fui obrigado a ir para a guerra colonial com 21 anos e regressei passado 15 meses, já com 22 anos.
5- Qual foi a sua função?
Inicialmente a minha função era de soldado na frente de batalha. Mas quando, infelizmente faleceu um colega de pelotão tive de aumentar as minhas funções, juntando mais as funções desse camarada, substituindo-o na sua função de cozinheiro.
6- Morreu alguém do seu grupo?
Como mencionei anteriormente sim, apenas um único camarada que perdeu a vida no meu pelotão e que eu tive de substituir nas suas funções.
7- O senhor
ficou traumatizado com a guerra? Atualmente sonha ou tem pesadelos por causa da
guerra?
Sim, fiquei muito traumatizado, pois vi e assisti a situações que não me saem da cabeça e por isso, ainda hoje os pesadelos são uma constante no meu sono.
8- Ficou alguma vez ferido?
Sim, fui atingido por alguns estilhaços na barriga, que ainda hoje é visível ver as marcas.
9- Alguma vez foi premiado ou castigado?
(Deu uma gargalhada e disse) As duas! Fui premiado porque enalteceram os meus bons serviços na frente do exercício de combate e castigado por tentar fugir, por pequenos períodos de tempo, da camarata para descontrair, relaxar e aliviar toda a tensão que íamos acumulando ao longo dos dias.
10- Como comunicava com a sua família?
A única forma que tínhamos de comunicar para os nossos
familiares era por aerogramas.
Gabriel Santos