À medida que as férias dos mais jovens se aproximam do final, o
pensamento dos pais começa a focar-se na preparação do regresso às aulas: a
compra dos manuais e materiais escolares, o reajuste das rotinas aos novos
horários escolares, etc. Mas nem só destas questões práticas é feito o regresso
às aulas. Nesta fase, os pais também começam a preocupar-se com o próprio
percurso letivo: como será este ano letivo? Será que vai correr bem? Será que
vai ter muitas dificuldades? Será que tirará muitas negativas? E a grande
questão que invade a cabeça dos pais é: como lidar com tudo isto? O que posso
fazer para que o ano corra da melhor forma? Como posso ajudar o meu filho?
Geralmente a solução que os pais encontram, passa pelo célebre conselho e
recomendação do início do ano: “Este ano, vê lá se te agarras aos livros!”,
“Este ano tens de te aplicar e estudar muito, vê se te aplicas”. Contudo, já
deve ter notado que estas recomendações, por muito bem-intencionadas que sejam,
não surtem o efeito desejado ou, como os mais novos costumam dizer “entra a cem
e sai a duzentos!”
Mas então o que fazer? A resposta está mesmo na pergunta que
acabei de lhe colocar: a solução é: FAZER. Falar, aconselhar e recomendar não
chega! Há que fazer, há que agir! Deixo-lhe algumas dicas de como poderá agir
nesta fase tão desafiante que é o regresso às aulas:
– Estimule a
organização: é importante que aí em
casa haja um espaço específico para que o seu filho possa estudar. Antes do
início das aulas, ajude o seu filho a organizar esse espaço. De que vai
precisar para estudar de forma organizada? Ajude-o a organizar um espaço perto
da secretária que deverá ser ocupado apenas pelo que precisa naquele momento.
Incentive a que arrume o seu local de estudo, diariamente, sempre que terminar.
– Estimule a motivação: “é mesmo disto que o meu filho precisa: motivação. Mas como?
Como posso motivá-lo?” Simples: dia a dia, passo a passo. Mostrando que
acredita e confia nele, encorajando-o diariamente com gestos, palavras de
incentivo, valorização dos mais pequenos sucessos e esforços, conversando com o
seu filho, estimulando a que este partilhe as suas angústias, os seus receios e
bloqueios, as suas dificuldades. Por exemplo, naquele dia em que o seu filho
expressa que não tem vontade nenhuma de estudar, mas que o vê a fazer um
esforço e a dedicar-se uma hora ao estudo, merece um “estou muito orgulhosa de
ti filho! Sei o esforço que fizeste em dedicar-te a esta hora de estudo e
dedicaste-te muito! Está na hora de uma merecida pausa: o que achas de irmos
dar uma volta ao parque?”
– Promova a
auto-reflexão: com o decorrer do ano letivo, os pais têm tendência a avaliar o
próprio desempenho e percurso do filho. Este ano procure fazer diferente. Não
hétero-avalie. Promova a auto-avaliação: pergunte-lhe como é que ele avalia que
lhe está a correr este ano letivo, com pontos fortes e pontos fracos,
ajudando-o a identificar estratégias para colmatar os pontos fracos. Isto irá
responsabilizá-lo muito mais pelo próprio processo de estudo e estimula a
capacidade de se auto-avaliar e a automonia.
– Dê espaço
ao lazer: é importante que a
criança/jovem sinta que para lá de uma rotina importante de estudo e de
trabalho, tem espaço para o seu lazer, para dedicar-se a atividades de que
gosta e que estes momentos também sejam partilhados em família, com qualidade.
Estas atividades são promotoras do bem-estar e equilíbrio necessários para
alavancar a motivação e entusiasmo essenciais para uma dedicação ao estudo
contínua e saudável.
Lembre-se que o ano letivo é repleto de desafios para todos:
quer para os alunos, quer para a família. Nos momentos de maior dificuldade, em
que não sabe como lidar com o pequeno estudante aí de casa, basta que se lembre
de si quando tinha a idade do seu filho: lembre-se do tempo em que também já
foi estudante e no que sentia que não resultava consigo. Tudo o que o seu filho
precisa de si para este ano letivo é de sentir que está a acompanhá-lo nesta
jornada: lado a lado, incondicionalmente, aconteça o que acontecer, corra o ano
como correr!
Sandra
Azevedo
Psicóloga
Clínica
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